quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Surge a Gator's (Cap. 16/Parte 1)

As meninas que nos acompanhavam ficaram conversando num canto da praça, enquanto nos espalhávamos pelo centro da quadra de futebol deserta e mal iluminada para discutir a pauta da noite. O clima constante de brincadeira fora substituído por uma postura grave, que comprovava a importância do assunto que iríamos colocar em discussão. Dotado de um natural espírito de liderança, o Nique iniciou a conversa.

- Bom, galera, vocês já viram o desenho do Fernandinho? Eu acho que ficou muito louco aquele jacaré topetudo como símbolo da Gator’s. O que é que vocês acham?

- Bacana, gostei - respondeu o Belo sacudindo a cabeça afirmativamente e recebendo o apoio de vários dos roqueiros espalhados pela quadra.

- Também achei legal, mas ainda tá muito cru, falta mais coisa pra ficar com cara de um estandarte de verdade - ponderou o Tieta.

Os lábios do Nique se contorceram para a direita formando uma careta com ar pensativo, ao mesmo tempo em que a cabeça balançava para cima e para baixo demonstrando sua concordância com a reflexão do outro roqueiro. Antes que ele falasse qualquer coisa, o Fabrício fez uma sugestão.

- Acho que o estandarte tem que ter um ano pintado, como fez o pessoal da The Ratz.

- Boa ideia, mas que ano? - questionou o Nique.

- Sei lá, talvez 1954. Não foi esse o ano em que foi criado o rock?

- Ééé, foi aí que o Elvis gravou That’s All Right - comentou o Flávio, o único gordinho da turma, entrando na prosa.

- Calma aí, o Bill Halley gravou antes disso. Em 53, ele lançou “Crazy Man Crazy”, o primeiro disco de rock da história. E além disso os caras da Ratz já têm 54 estampado no estandarte deles - ponderou em tom professoral o Duque, conhecido por sua erudição quando o assunto era rockabilly.

- Sei lá, meu, existem trocentas histórias sobre a criação do rock. Quem disse que essa aí que tá certa? Mas você tem razão, se a gente colocar 54 os caras da Ratz vão falar que copiamos a ideia deles - comentou o Tieta.

Abrindo os braços e fazendo uma careta brincalhona, o BB colocou mais lenha na fogueira: - E daí, tamo copiando mesmo, não tamo? Os caras que se fooodam! - disse o grandalhão da turma, tirando risadas de alguns e protestos de outros.

Até então civilizado, o debate virou uma feira livre com vinte topetudos querendo falar ao mesmo tempo. O Tieta e o Nique precisaram gritar para colocar a conversa novamente no rumo.

- Caralho, pessoal!!! Assim não vamos resolver nada! - gritou o Nique em tom exaltado.

- É isso aí, pessoal, vamos conversar que nem gente - emendou o Tieta, fazendo com que o silêncio se restabelecesse no meio da quadra.

- Então, que tal se a gente colocasse 55? Ninguém tem esse ano estampado e foi o ano em que a coisa começou a esquentar mesmo - sugeriu o Nique, já mais calmo, recebendo acenos de cabeça afirmativos de boa parte dos presentes.

- Legal, pode ser - comentei, saindo do silêncio em que me mantivera até aquele instante.

- É, bacana!!! - concordou o Wilson, com a mão esquerda coçando o queixo e o rosto tomado por uma expressão pensativa.

- Tá, mas aí como é que fica o desenho? Onde entra essa data? - questionou o Tieta.

4 comentários:

  1. Boa Pedrão! Prometi comentar e aqui estou! Muito curtinho o post... ficou um gostinho de quero mais! Vou ficar aguardando... ou acho que vou ter que ler os originais, rsss! Parabéns pela obra e grande abraço!

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  2. Valeu, Litle John! A ideia é mesmo deixar um gostinho de quero mais, rsrsrs! Mas vou ver se deixo o próximo post maior!
    Grande Abraço!

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  3. Olá querido, passando para divulgar meu novo endereço http://vintagepri.blogspot.com/

    Aguardo sua visita. beijos!

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  4. Oi, Priscilla! Vou já conhecer seu novo blog!!!
    Abs

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