quinta-feira, 30 de julho de 2009

Saltando para o papel


Durante uma chuvosa tarde do inverno de 1993, tranquei-me no quarto e decidi dar um tempo nos estudos para o vestibular. Sentei-me então diante da escrivaninha, sobre a qual ajeitei uma antiquada máquina de escrever. Em seguida, usei as habilidades que adquirira nas aulas de datilografia e a inspiração que me dominava naquele dia para redigir as primeiras linhas deste livro. Naquela ocasião, vale ressaltar, os acontecimentos da noite de 27 de abril de 1990, talvez a mais dramática da minha vida, ainda pareciam muito recentes. Por isso, o resultado foi o texto carregado de emoção que compõe o primeiro capítulo desta obra e com o qual inicio as postagens neste blog.

Após esse lampejo inicial, entretanto, o projeto do livro passou um longo período engavetado. Os estudos, a atribulada vida de jornalista e uma série de outras questões, incluindo uma certa falta de disciplina, me impediram de prosseguir com o projeto por cerca de onze anos. Somente no segundo semestre de 2004, quando sentia a história realmente querer saltar para o papel, consegui dar prosseguimento à redação desta obra, que retrata minha curta mas intensa vivência como integrante de uma turma rockabilly, uma das muitas tribos urbanas que movimentavam as ruas paulistanas na virada da década de 80 para a de 90. Mais maduro e com mais experiência no universo das palavras, concluí o livro dois anos depois.

Apesar de baseado em fatos reais, Rockabilly é uma obra de ficção. Muitos dos personagens do livro carregam apelidos emprestados de pessoas com as quais convivi naquele período. Eles, entretanto, não são personagens reais e sim resultado da liberdade literária utilizada durante a redação dos 25 capítulos que compõem o livro e que pretendo incluir semanalmente neste blog. Esse mesmo processo, aliás, foi utilizado para nomear as turmas de roqueiros e casas noturnas que aparecem no livro.

Já o personagem principal, Claudinho, é o alter ego que escolhi para conduzir a narração da história. Saindo da redoma de proteção familiar, ele entra em contato com um lado mais doloroso da vida, permeado por incompreensão, intolerância, preconceito e violência. Tudo isso ao mesmo tempo em que vive grandes amizades, se diverte muito ao som do bom e velho rockabilly e vive as experiências típicas da adolescência, como a dificuldade com as garotas, o desejo sexual latente e a arrebatadora paixão pela bela Carol, cujo ápice ocorre na mesma noite em que um trágico acontecimento altera para sempre o rumo das coisas.

Bem, espero que aprovem esta minha primeira experiência literária, que, aliás, está sendo publicada por meio de uma licença Creative Commons, categoria Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License. Mais informações podem ser obtidas no link: http://mail.terra.com.br/75trr/%3Ca%20href= .

Para concluir, agradeço o constante apoio dado por minha esposa, Valeria, e a força dada pela designer Bel Camargo, responsável pela elaboração da capa do livro, cuja reprodução acompanha essa postagem.

Boa leitura e um grande abraço!