Casais de dançarinos revezavam-se no centro da pista, cercados pelos demais roqueiros, cujos pés também não paravam, dançando com animação nas áreas periféricas do salão. Os passos exigentes logo começaram a provocar calor nos dançarinos. Previdente, o Morcegão interrompeu sua dança, sumiu dentro da casa por um instante e reapareceu carregando uma cadeira. O caçula da turma, de pele bem morena e cabelos negros, dono de um queixo fino e proeminente, ajeitou a peça num canto da garagem, colocando o casaco sobre o encosto. Logo, muitos o imitaram, fazendo com que se formasse uma pilha de jaquetas.
A voz grossa do vocalista do The Platters ressoava pelas caixas de som, diminuindo o ritmo da festa com a romântica The Great Pretender, quando vislumbrei a Carol do outro lado do salão. A visão fez com que meu coração acelerasse e meus olhos parassem sobre a bela garota. Ela esticou o braço direito e acenou de forma simpática, com um belo sorriso no rosto. Respondi com um cumprimento acanhado. “É agora. Tenho que ir lá falar com ela.”
Gotas de suor brotavam na minha testa e sobre os meus lábios no momento em que decidi convidá-la para dançar. Estufei o peito, arrumei a gola da jaqueta e atravessei o salão desviando dos dançarinos, com o estômago fervendo de nervosismo. Estava perto quando vi o Nique se aproximar dela e puxar conversa. Passei reto, sem ser notado, enquanto os dois começavam a dançar, trocando palavras melosas.
O Nique era sempre um concorrente forte quando o assunto era alguma garota. Por isso, a visão dos dois dançando no meio da garagem me fez murchar. Desanimado, encostei em uma parede e fiquei remoendo pensamentos de autocompaixão. “Que merda, só me lasco mesmo.”
Enquanto eu mordia o lábio em um dos cantos do salão, o Nique acariciava os cabelos ondulados da Carol e enchia seus ouvidos de palavras divertidas. Prevendo o final da história, resolvi arranjar algo para beber antes de sair da garagem. A música e a dança já não me interessavam mais quando cruzei a porta de entrada da casa em busca de um copo de refrigerante. Tampouco me importei com os olhares curiosos que me lançaram quando entrei na sala, repleta de familiares e amigos da aniversariante que tinham se refugiado da invasão roqueira à festa. Vasculhei o ambiente com os olhos até achar uma mesa com refrigerantes, alguns sanduíches e um isopor com cervejas. Enchi um copo com guaraná e peguei um cachorro quente, que mastiguei com a cara entediada.
Saciado, resolvi atravessar novamente a garagem e passei pelo portão de ferro que separava a casa da rua. Lá fora, encostei na lateral de um carro estacionado ali perto. Meu desânimo contrastava com a agitação dentro do salão, onde meus amigos dançavam animadamente ao som de Carl Perkins.
Um grupo de rapazes mais velhos conversava do outro lado da rua. O assunto, no entanto, não era dos melhores. Depois de vários meses andando com a turma roqueira, eu aprendera a reconhecer certos sinais de perigo. Havia as gozações tentando nos diminuir e também as caras desafiadoras procurando provar que não éramos de nada.
A voz grossa do vocalista do The Platters ressoava pelas caixas de som, diminuindo o ritmo da festa com a romântica The Great Pretender, quando vislumbrei a Carol do outro lado do salão. A visão fez com que meu coração acelerasse e meus olhos parassem sobre a bela garota. Ela esticou o braço direito e acenou de forma simpática, com um belo sorriso no rosto. Respondi com um cumprimento acanhado. “É agora. Tenho que ir lá falar com ela.”
Gotas de suor brotavam na minha testa e sobre os meus lábios no momento em que decidi convidá-la para dançar. Estufei o peito, arrumei a gola da jaqueta e atravessei o salão desviando dos dançarinos, com o estômago fervendo de nervosismo. Estava perto quando vi o Nique se aproximar dela e puxar conversa. Passei reto, sem ser notado, enquanto os dois começavam a dançar, trocando palavras melosas.
O Nique era sempre um concorrente forte quando o assunto era alguma garota. Por isso, a visão dos dois dançando no meio da garagem me fez murchar. Desanimado, encostei em uma parede e fiquei remoendo pensamentos de autocompaixão. “Que merda, só me lasco mesmo.”
Enquanto eu mordia o lábio em um dos cantos do salão, o Nique acariciava os cabelos ondulados da Carol e enchia seus ouvidos de palavras divertidas. Prevendo o final da história, resolvi arranjar algo para beber antes de sair da garagem. A música e a dança já não me interessavam mais quando cruzei a porta de entrada da casa em busca de um copo de refrigerante. Tampouco me importei com os olhares curiosos que me lançaram quando entrei na sala, repleta de familiares e amigos da aniversariante que tinham se refugiado da invasão roqueira à festa. Vasculhei o ambiente com os olhos até achar uma mesa com refrigerantes, alguns sanduíches e um isopor com cervejas. Enchi um copo com guaraná e peguei um cachorro quente, que mastiguei com a cara entediada.
Saciado, resolvi atravessar novamente a garagem e passei pelo portão de ferro que separava a casa da rua. Lá fora, encostei na lateral de um carro estacionado ali perto. Meu desânimo contrastava com a agitação dentro do salão, onde meus amigos dançavam animadamente ao som de Carl Perkins.
Um grupo de rapazes mais velhos conversava do outro lado da rua. O assunto, no entanto, não era dos melhores. Depois de vários meses andando com a turma roqueira, eu aprendera a reconhecer certos sinais de perigo. Havia as gozações tentando nos diminuir e também as caras desafiadoras procurando provar que não éramos de nada.
A minha presença motivou dois deles a simularem uma dança, satirizando os passos de rock’n’roll sob os risos dos demais companheiros. Continuei encostado no carro, imóvel e com os braços cruzados, fazendo-me de desentendido. Eles não eram muitos, poderíamos encará-los, mas um comentário me deixou preocupado.
- Rapaziada, acho que vou abrir uma loja na segunda-feira. Pra vender só bota e jaqueta de couro - disse em tom provocativo um sujeito baixo e forte, que eu conseguia ver apenas pelo canto do olho. Parado no meio da rua com as mãos no bolso, ele não tinha o jeito fanfarrão dos outros rapazes. Sua fala era segura e convincente.
- Rapaziada, acho que vou abrir uma loja na segunda-feira. Pra vender só bota e jaqueta de couro - disse em tom provocativo um sujeito baixo e forte, que eu conseguia ver apenas pelo canto do olho. Parado no meio da rua com as mãos no bolso, ele não tinha o jeito fanfarrão dos outros rapazes. Sua fala era segura e convincente.
Ahh baladas, faz tempo que num sei o que é isso, rsrs
ResponderExcluirbjs!
Sabe, continuo indo as festas atualmente .... e vejo como é "facil" curtir hoje...
ResponderExcluirNão tem mais aquela repulsa que muitos tinham em relação ao nosso visual, topete e afins....
Lembro de um fato engraçado que nunca mais vi atualmente, "toda" esquina sempre um camburão passava e dava geral no povo e com grande violencia (devemos lembrar que naquela epoca, ainda eram os mesmos do regime militar) e hj .. nossa SUAVE EXTREMO ...HHAHAHA
Enfim ....outros tempos ...outros dias .. mas não sei se tem o mesmo "sabor" ...
É verdade, Deluxe! As coisas parecem ter realmente melhorado. A sociedade está mais tolerante e madura, apesar de sempre haver um certo risco para a volta do autoritarismo e do fundamentalismo. Temos que estar sempre atentos para que essas conquistas não sejam perdidas.
ResponderExcluirMademoiselle, obrigado pela força!
Abs!